Aguaboa

ÁGUAS DE SANTA BÁRBARA

Novo Atleta Aguaboa – José Aldo

José Aldo: Década de 90 no bairro da Alvorada, em Manaus. Na abafada capital amazonense, “Caroço” e “Açaí” caminhavam pelas ruas de chinelos, jogavam futebol e andavam de bicicleta. Eram inseparáveis. Em função da semelhança física, todos achavam que os primos de primeiro grau eram, na verdade, irmãos. Aos 13 anos, Açaí, que, na verdade, chama-se André Luiz, ganhou uma bolsa para treinar na academia de Márcio Pontes, em Manaus. No embalo, Caroço – cujo nome de batismo é José Aldo da Silva Oliveira Junior – aproveitou a carona. Assim, o jiu-jítsu começava a delinear o caminho de José Aldo.

A fome de aprender transcendia o espaço da academia. Aldo procurava treinos em outras equipes para sugar tudo o que pudesse em termos de técnicas e posições. A vontade de aperfeiçoar a arte suave impressionava. Inovar também – ainda que fosse para se destacar de outra forma.

Transbordando talento para o jiu-jítsu, José Aldo decidiu abandonar os estudos e se dedicar à carreira como lutador. Seu sonho era ser campeão mundial, pois, à época, o Vale-Tudo não tinha o glamour – e as cifras – da atualidade. Foi aí que, em 2004, a peça-chave da sua carreira se fez presente. O conterrâneo Marcos “Loro” Galvão, a quem conhecera em Manaus, abriu-lhe as portas do Rio de Janeiro.

Quatro anos mais velho que José Aldo, “Loro” havia se transferido para a Nova União, academia que ficava em um sobrado na Praia de Botafogo, Zona Sul do Rio. Lá, dormia no mesmo tatame que pela manhã servia para treinar. A comida era escassa, e as condições, precárias, mas a vontade de vencer falava mais alto. O espírito era o mesmo que movia José Aldo.

Os tempos eram difíceis a ponto de a distração da dupla ter sido conversar da janela, olhando os carros cortarem a rua. Compartilhavam sonhos, frustrações e planos. A amizade se estreitou a ponto de “Loro” ser escolhido como padrinho de casamento de José Aldo anos mais tarde. Apesar da distância geográfica – o amigo hoje vive em Nova York, enquanto Aldo segue no Rio –, a gratidão do campeão do Ultimate atravessa fronteiras

Para muitos fãs, é difícil imaginar que José Aldo, famoso mundialmente e dono de uma boa condição financeira, viveu momentos sombrios. Para quem custa a acreditar, o próprio campeão do UFC relata o drama e as incertezas de um tempo bem longe da fama.

Jose Aldo – O Campeão do Povo

Apelidado de “Campeão do Povo”, pela simplicidade, José Aldo tem a humildade atestada por Márcio Pontes. O treinador, quando vem ao Rio de Janeiro, fica hospedado na residência do atleta, no Flamengo, bairro da Zona Sul. Nas coletivas de imprensa, de fato, Aldo está sempre vestido à carioca: bermuda e chinelo. Pede desculpas pelos palavrões proferidos com alguma frequência durante entrevistas, recheadas de sinceridade. Parece não se habituar à rotina de uma celebridade. Anda de metrô, acompanha os jogos do Flamengo da arquibancada do Maracanã e conserva os amigos mais antigos.

Campeão mundial de jiu-jítsu pela CBJJO na faixa marrom, José Aldo migrou para o Vale-Tudo em 2004. Ele estreou em Manaus, no Eco Fight Championship, contra Mário Bigola, a quem nocautearia em 18 segundos. O problema é que Aldo morava no Rio de Janeiro e seu treinador, Márcio Pontes, precisou se desdobrar para comprar a passagem de avião. Ciente do esforço que o técnico havia feito, Aldo demonstrou sua gratidão ao professor, dividindo parte de sua bolsa.

Começava, ali, uma das trajetórias mais bem sucedidas do esporte. Foram seis vitórias no primeiro round – quatro por nocaute e duas por finalização. A única derrota do cartel de Aldo viria três anos depois, no Jungle Fight, quando ele caiu no mata-leão de Luciano Azevedo.

O estilo agressivo de José Aldo ficou internacionalmente conhecido quando ele estreou no WEC, contra Alexandre Pequeno, o “Rei da Guilhotina”, então com 19 combates na carreira. Era o duelo entre um novato e um veterano, ambos do Brasil.

O que se viu na 34ª edição do WEC foi um massacre de José Aldo – apenas uma promessa da Nova União, equipe que contava com integrantes tarimbados, como Vitor Shaolin. O manauara venceu Pequeno por nocaute técnico no segundo round.

Na sequência, seis vitórias por nocaute e uma por pontos fizeram explodir a fama de matador do manauara. A joelhada voadora em Cub Swanson, no WEC 41, mostrou a Mike Brown, então campeão dos penas, o que o aguardava. Em novembro de 2009, Aldo desbancou o americano ao batê-lo por nocaute técnico no segundo round e faturou o cinturão.

No WEC, Urijah Faber foi o único a resistir três rounds com o brasileiro, em abril de 2010, na edição 48. Apesar de “sobreviver”, o americano entrou para a história do duelo por ficar com a coxa completamente roxa ao ser atingido pelos temidos chutes do oponente.

Quando o UFC absorveu o WEC, José Aldo fez sua primeira luta pela organização defendendo o cinturão dos penas – categoria que não existia no Ultimate – contra Mark Hominick, no Canadá. O brasileiro, como de costume, faturou a vitória em duelo marcado pelo enorme galo cravado na testa do anfitrião.

Das seis lutas seguintes – incluindo a vitória tranquila sobre Frankie Edgar, ex-campeão dos leves – as duas contra Chad Mendes foram as mais marcantes. A primeira pelo desfecho: uma joelhada certeira a um segundo do fim do primeiro round, acompanhada de uma comemoração unica, quando Aldo pulou o octógono e, literalmente, foi para a galera.

Exemplo de pessoa, atleta e personalidade: Muito obrigado por estar conosco amigo Aldo.

Toda a família Aguaboa lhe agradece.

Aguaboa – Hidratando Campeões